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KONDER: Semente de Dragões

jeudi, avril 7th, 2016
Detalle de la esfera que sostiene una de las estatuas de leones guardianes de la Ciudad Prohibida, en Beijing

Detalle de la esfera que sostiene una de las estatuas de leones guardianes de la Ciudad Prohibida, en Beijing

Semente de dragões

Leandro Konder

Uma das características essenciais da dialética é o espírito crítico e autocrítico. Assim como examinam constantemente o mundo em que atuam, os dialéticos devem estar sempre dispostos a rever as interpretações em que se baseiam para atuar.

Quando a filha de Marx pediu ao pai para responder a um questionário organizado por ela e lhe perguntou qual era o lema que ele preferia, Marx respondeu: “Duvidar de tudo”.

Para homens engajados num combate permanente, como os marxistas, é difícil colocar em prática esse lema. Com frequência se manifesta entre os marxistas uma tendência que os leva a substituir a análise concreta das situações concretas por um conjunto de fórmulas especulativas, por um esquema geral no qual as coisas são enquadradas forçadamente, precipitadamente. Essa tendência se manifestava já em Hegel, que era idealista, e continuou a se manifestar entre os marxistas.

Na medida em que se deixam influenciar pela tendência mencionada acima, os revolucionários passam a querer transformar o mundo sem se preocuparem suficientemente com a transformação deles mesmos. Com isso, perdem muito da capacidade autocrítica e não conseguem se renovar tanto quanto é necessário.

Diversos críticos, hostis à dialética, têm aproveitado essas deficiências para sustentar que o pensamento dialético despreza o rigor da análise e se presta a “acrobacias” intelectuais. José Guilherme Merquior ainda foi mais longe e chamou a dialética de “dama de costumes fáceis”. Os defensores da dialética não podem se limitar a explicar para Merquior o verdadeiro alcance dos princípios de Hegel e de Marx: precisam saber aplicar esses princípios, de maneira consequente, a uma realidade que – conforme reconhecemos – está sempre mudando.

A dialética não dá “boa consciência” a ninguém. Sua função não é tornar determinadas pessoas plenamente satisfeitas com elas mesmas. O método dialético nos incita a revermos o passado a luz do que está acontecendo no presente; ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é” (Ernst Bloch).   Um espírito agudamente dialético como o poeta Bertolt Brecht disse uma vez: “O que é, exatamente por ser tal como é, não vai ficar tal como está”. Essa consciência da inevitabilidade da mudança e da impossibilidade de escamotear as contradições incomoda os beneficiários de interesses constituídos e os dependentes de hábitos mentais ou de valores cristalizados.

A dialética intranquiliza os comodistas, assusta os preconceituosos, perturba desagradavelmente os pragmáticos ou utilitários. Para os que assumem, consciente ou inconscientemente, uma posição de compromisso com o modo de produção capitalista, a dialética é “subversiva”, porque demonstra que o capitalismo está sendo superado e incita a superá-lo. Para os revolucionários românticos de ultra-esquerda, a dialética é um elemento complicador utilizado por intelectuais pedantes, um método que desmoraliza as fantasias irracionalistas, desmascara o voluntarismo e exige que as mediações do real sejam respeitadas pela ação revolucionária. Para os tecnocratas, que manipulam o comportamento humano (mesmo em nome do socialismo), a dialética é a teimosa rebelião daquilo que eles chamam de “fatores imponderáveis”: o resultado da insistência do ser humano em não ser tratado como uma máquina.

É verdade que, em muitos casos, o que tem sido apresentado como dialética não tem passado de mera instrumentalização de algumas ideias de Hegel ou de Marx, mal assimiladas e ainda pior utilizadas. Mas a reação potencialmente mais eficaz contra essa deformação é a que provém da autêntica dialética, que está sempre alerta para enfrentar as imposturas cometidas em seu nome, com o espírito rebelde que lhe é peculiar.

A dialética – observa o filósofo brasileiro Gerd Bornheim – “é fundamentalmente contestadora”. Ninguém conseguirá jamais domesticá-la. Em sua inspiração mais profunda, ela existe tanto para fustigar o conservadorismo dos conservadores como para sacudir o conservadorismo dos próprios revolucionários. O método dialético não se presta para criar cachorrinhos amestrados. Ele é, como disse o argentino Carlos Astrada, “semente de dragões”.

Os dragões semeados pela dialética vão assustar muita gente pelo mundo afora, talvez causem tumulto, mas não são baderneiros inconsequentes; a presença deles na consciência das pessoas é necessária para que não seja esquecida a essência do pensamento dialético, enunciada por Marx na décima-primeira tese sobre Feuerbach:

“Os filósofos têm se limitado a interpretar o mundo; trata-se, no entanto, de transformá-lo.”

[KONDER, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Abril Cultural / Brasiliense, 1985, págs. 83-87]

Aborigènes

mercredi, octobre 14th, 2015

En remerciement aux inspirations et souffles venu-es des airs des montagnes du Chiapas.

Grâce aux Semillitas Zapatistas nous pouvons nous reconnaître dans des luttes des peuples indigènes un peu partout dans le monde. Reflets des gens qui résistent aux processus de kolonisation, de pillage et d’offensives à l’outrance imposées par la ‘trockrokrodilogik Kapitale’ aux fils (et filles;) du temps.

Une toute petite référance fait différance sur ce sol plein des fleurs en mots – images – réfléxions, même dans un espace virtuel si reducteur et trompeur comme la ‘time line’ du royaume des malédictions de facesbouches.

Merci donc à tou-te-s ceux/celles qui partagent de la verité en mots-images-refléxions, dans des mots-clés et des mots-valises qui portent la puissance de créer et ouvrir d’autres mondes nouveaux hors des vieux pouvoirs kapitaux virulents.

Et les coïncidences ne s’arrêtent pas là… Je viens de découvrir que les Aborigènes d’Australie  eux aussi, ils ont comme référence centrale, le symbolisme du serpent depuis l’âge des ‘pierres’:

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Yurlunggur

Dans la mythologie des Aborigènes d’Australie (plus spécifiquement Murngin1), le Yurlungur est un serpent de cuivre qui fut tiré d’un profond sommeil par l’odeur des menstruations d’une femme.

La femme et ses sœurs, les Wawalag, furent dévorées par le Yurlungur, auquel il fut demandé plus tard lors d’un concile de serpents de les régurgiter. Dans les cérémonies aborigènes australiennes, le fait de vomir symbolise le passage des garçons à l’âge adulte.

Source: Wikipédia – Yurlungur

John Mawurndjul, Serpent arc-en-ciel à cornes. Terre d'Arnhem (Australie), XXe siècle. Écorce d'eucalyptus, pigments naturels, 176 x 72 cm. Paris, musée du quai Branly. © Musée du quai Branly

John Mawurndjul, Serpent arc-en-ciel à cornes. Terre d’Arnhem (Australie), XXe siècle.
Écorce d’eucalyptus, pigments naturels, 176 x 72 cm. Paris, musée du quai Branly. Source: tracesduserpent

Le Serpent arc-en-ciel ou Ndjamulji appelé aussi Waagal, Wagyl ou Yurlungur est un être mythologique majeur pour le peuple Aborigène d’Australie.

En Australie et en Nouvelle-Zélande, il existe plusieurs types de dragons. Ces dragons sont des créatures qui vivent souvent près de l’eau. Le Serpent arc-en-ciel baptisé Ngalyod est l’un de ces serpents-dragons vénérés depuis plus de 10 000 ans  par les Aborigènes. Il est considéré comme l’habitant permanent des puits et contrôle ainsi l’eau, la source de vie la plus précieuse. Parfois imprévisible, c’est le Serpent arc-en-ciel qui rivalise avec l’implacable soleil, pour reconstituer les réserves d’eau. Ce combat épique est décrit dans le Temps du rêve.

C’est donc un protecteur bienfaiteur de son peuple, mais il peut aussi punir ceux qui enfreignent la loi. Il donne et reprend la vie. La mythologie du Serpent arc-en-ciel est étroitement liée à la terre, à l’eau, à la vie, aux relations sociales et à la fertilité. Il existe de nombreuses histoires associées au Serpent arc-en-ciel, ce qui traduit l’importance de cet être mythique dans les traditions aborigènes.

Pour le nomade aborigène marchant dans le ‘bush’, le serpent est un signe de la Terre indiquant un point d’eau proche et l’arc-en-ciel est un signe du Ciel indiquant une pluie récente dans cette direction. Tous deux étant des signes bénéfiques.

source: wikipédia – Serpent_arc-en-ciel

Yidaki

Leur technique incroyable, du ‘souffle’, pour jouer leur instrument nomé Didgeridoo ou yidaki, ou mago, semble contenir plus que de la musique, mais un processus méditatif…

Une légende aborigène raconte l’origine de cet instrument23 :

« Au commencement, tout était froid et sombre.
Bur Buk Boon était en train de préparer du bois pour le feu afin d’apporter protection, chaleur et lumière à sa famille.
Bur Buk Boon remarqua soudain qu’une bûche était creuse et qu’une famille de termites grignotait le bois tendre du centre de la bûche.
Ne voulant pas blesser les termites, Bur Buk Boon porta la bûche creuse à sa bouche et commença à souffler.
Les termites furent projetées dans le ciel nocturne, formèrent les étoiles et la Voie lactée, illuminant le paysage.
Et pour la première fois le son du didgeridoo bénit la Terre-Mère, la protégeant elle et tous les esprits du Temps du rêve, avec ce son vibrant pour l’éternité. »

https://www.youtube.com/watch?v=5YM5nohSh6c

Il y a encore des tas de choses à découvrir de ce peuple:

https://fr.wikipedia.org/wiki/Aborig%C3%A8nes_d%27Australie

Mythologie_aborigène

Temps_du_rêveAboriginal_art_Carnarvon_Gorge

Cosmogonie des Aborigènes d’Australie

La cosmogonie des Aborigènes d’Australie repose sur la notion de « Temps du rêve », en anglais « Dreamtime » ou « Dreaming », « Tjukurpa » dans les langues anangu, « Wapar » en yankunytjatjara. À cette époque mythique, les ancêtres surnaturels, comme le Serpent Arc-en-ciel ou les Hommes Éclairs, créèrent le monde par leurs déplacements et leurs actions. Tjukurpa fournit une explication du monde, définit le sens de la vie, ce qui est bien ou mal, ce qui est naturel ou ce qui est vrai. Ces définitions règlent tous les aspects de la vie des Anangu, peuples de l’Australie Centrale.

Tjukurpa interprète chaque site et chaque élément du paysage en termes symboliques, il mêle le passé (c’est-à-dire l’histoire de sa création) avec le présent et sa signification. Beaucoup de ces informations sont secrètes et ne doivent pas être révélées aux non-Aborigènes, les « Pyranipa ».

Uluru a été créé pendant la Tjukurpa. Ce monolithe de 3 600 m de long et de 348 m de haut proviendrait du jeu de deux enfants mythiques dans la boue un jour de pluie.
Tout autour de ce rocher, de nombreux sites sont sacrés et porteurs de mémoire et de légendes.

Dans cette cosmogonie, la pensée a créé toute matière. La terre, les hommes, les animaux et les plantes ne sont que des parties d’un même tout. Donc les hommes ne peuvent pas posséder de terres ni d’animaux. Cette cosmogonie a provoqué de graves conflits entre les colonisateurs et les aborigènes qui ne comprenaient pas les notions de propriétés privées délimitées ou d’élevage.